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Mesa Redonda – Transformação Digital na Indústria de Processo
A ISA São Paulo Section realizou no dia 8 de setembro de 2021, das 17h às 18h30, mais um evento online no formato Mesa Redonda, que, desta vez, teve como tema a Transformação Digital na Indústria de Processo.
Os convidados desta edição foram Claudio Garcia, Professor-Doutor no Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Escola Politécnica da USP, Luis Gustavo Mamede Carvalho, Gerente Global de Automação na Oxiteno e Ronaldo Neves Ribeiro, Gerente do Setor de Tecnologia da Informação e Telecomunicações na CENIBRA. A abertura do evento foi feita por Carlos Gury, Diretor da ISA São Paulo Section.
Com este evento, alcançamos nosso objetivo de gerar um debate de qualidade sobre o tema para todos os participantes. Após a realização recebemos feedbacks positivos sobre o evento. Veja alguns deles:
“Um compilado das novas tecnologias e como estão sendo implementadas”.
“Falar de tecnologia a todo tempo é muito importante! É o diferencial competitivo. E precisamos ter pessoas 4.0 para atender a demanda da Indústria 4.0. Estes eventos são importantes para esta sensibilização. Parabéns!”.
“Foi muito interessante a combinação dos perfis dos apresentadores (…) permitiu uma visão bem ampla da situação atual desta Transformação Digital na Indústria de Processo”.
Membros da ISA receberão certificado de participação e terão acesso exclusivo ao conteúdo compartilhado no evento.
Para quem não é membro da ISA, o valor de emissão do certificado de participação e acesso exclusivo ao conteúdo compartilhado é de R$ 50,00 (profissional) ou R$ 20,00 (estudante), sendo obrigatório, neste caso, o envio do atestado de matrícula assinado pela instituição de ensino. Basta entrar em contato conosco no e-mail isasp@isasp.org.br e passaremos todas as instruções.
Abaixo você encontra o vídeo completo do evento, que também está em nosso canal no YouTube. Clique aqui para se inscrever no canal e ative as notificações para não perder as novidades!
Na parte final do evento, algumas perguntas não puderam ser respondidas pelos convidados por falta de tempo. Abaixo transcrevemos as perguntas e as respectivas respostas:
1) Pergunta de Paloma Lima: Luís, boa tarde, você poderia falar um pouco sobre como vocês estão trabalhando a integração TI e TA na Oxiteno?
Resposta de Luis Gustavo Mamede: Boa tarde Paloma, a governança entre TI e TA acontece basicamente em 2 níveis:
- Priorização e maturação novas ideias/iniciativas em carteira: Temos reuniões quinzenais com um grupo multidisciplinar e participação de ambas as áreas, em que são discutidas e selecionadas frentes/ideias que envolvem TI + áreas industriais (Automação/4.0). Nestas discussões são aprofundadas e entendidas as iniciativas (também com participação das áreas industriais/clientes), e são aplicados fatures de priorização, como esforço x retorno, aderência com estratégia da empresa, aplicação em escala , entre outros. As iniciativas priorizadas seguem então para o prox. nível , que chamamos de maturação.
- Maturação, desenvolvimento e implantação: Este processo de desenvolvimento na maioria das vezes envolverá uma equipe (Squad) multidisciplinar, com participação de TI e TA além da área industrial cliente, entre outros, dependendo do escopo e abrangência. Aqui a iniciativa progredirá de uma ideia à um ”Business case” que, sendo aprovado, segue então para implantação.
Estes processos estão em construção ainda e acho que ainda temos muita possibilidade de melhoria, mas de uma forma geral temos conseguido garantir uma “frente” unificada e mais alinhada, seja na entrada e levantamento de oportunidades, seja no entendimento, priorização e aplicação de projetos/iniciativas na empresa globalmente.
2) Pergunta de Maycon Lopes Sabino: Luis boa tarde. Os projetos voltados a indústria 4.0, desde o desenvolvimento até a implementação, é feito por uma equipe interna ou vocês terceirizam essas atividades? Em caso de terceirização existe um pré-requisito?
Resposta de Luis Gustavo Mamede: Boa tarde Maycon, durante a maturação da iniciativa (veja anterior), um dos pontos discutidos (maturados) é o de recursos/esforços de desenvolvimento e implantação (5W2H). Este ponto é avaliado vs outros fatores como tempo de implantação, retorno financeiro e abrangência. Também são avaliadas tecnologias ou até startups ou empresas terceiras que poderiam “atacar” aquele ponto ou oportunidade. Então, vai depender muito desta avaliação se haverá terceirização ou desenvolvimento interno, ambas possibilidades são levadas em conta. Quanto à pré-requisitos, quanto à Startups, há uma área na Oxiteno que é responsável pelo contato e avaliação/facilitação, quanto à terceiros e tecnologias tentamos de maneira semelhante “filtrar” dentro de ofertas e propostas quais melhor atendem, aí com participação efetiva do grupo/Squad de desenvolvimento e também das áreas de compras, etc..
3) Pergunta de Marcus Berger: Boa noite! Por favor, poderiam falar como a Oxiteno e Cenibra estão estruturando o processo de gestão de mudança para absorção destas novas tecnologias? Como abordar os usuários em especial quando os projetos podem levar a redução de funções (empregos)? Como as equipes de manutenção estão sendo capacitadas para as novas tecnologias?
Resposta de Ronaldo Neves Ribeiro: Excelente abordagem Marcus, penso que o processo transformacional dos processos de negócios, pessoas pelo uso das tecnologias inicia-se em primeiro lugar pela preparação do ser humano, para isto as áreas de tecnologias (TO/TA/TI) precisam aliar-se ao RH e terem um planejamento para esta preparação. No caso da CENIBRA fizemos uma jornada em que eu mesmo fiz mais de 15 palestras internas sobre I4.0, ainda convidamos pessoas de fora, fornecedores de tecnologias, Analistas do Gartner, futuristas e outros. Uma boa estratégia é mostrar o planejamento de transformação da empresa, fazendo as pessoas se sentirem parte disto. Ter um plano estruturado de sugestões inovações também é uma boa tática. A jogado de mostrar as pessoas que elas precisam evoluírem para não serem substituídas é uma boa abordagem também. Na CENIBRA tem ficado claro a cada evolução, na prática, que as tecnologias estão ajudando as pessoas e não tomando seus empregos, hoje trabalhamos com uma carga de trabalho alta, quando automatizamos um processo o objetivo tem sido disponibilizar o ser humano para tarefas mais nobres e a robotização tem ficado para as tarefas mais manuais. Colocamos IoT nas máquinas florestais e nenhum posto de trabalho foi reduzido, atualizamos o ambiente SAP e também não houve redução, entretanto na atividade de detecção de incêndios com CFTV e IA houve redução. A melhor forma de capacitação dos times de manutenção é colocá-los para participarem do projeto desde seu início.
Resposta de Luis Gustavo Mamede: Boa noite Marcus, uma prática que temos aplicado neste sentido é trazer as equipes (manutenção incluso) para participação efetiva no desenvolvimento e implantação dos projetos. Desta forma, além de conseguirmos uma maior profundidade no entendimento, aplicação e validação das ferramentas para o que se está buscando melhorar, a própria capacitação, adaptação e envolvimento dos times ocorre já durante o processo. De uma forma mais geral, a Oxiteno tem investido em um trabalho bastante abrangente de fortalecimento de sua Cultura; a Transformação Digital (contexto em que a 4.0 está incluída) está entre outros pontos muito importantes como Segurança, Sustentabilidade, Diversidade e inclusão, Criatividade e Autonomia, Adaptabilidade e agilidade, entre outros.
4) Pergunta de Hosani Pierre Souza: Importante para garantir a implementação e perpetuar o que foi implantado na Indústria 4.0: Tecnologia, Processo e Pessoas. Vemos investimentos em se conhecer e sensoriar processos, investimentos em Tecnologia de alto nível… mas precisamos de grandes investimentos em pessoas. Para uma Indústria 4.0 precisamos ter pessoas 4.0 em todos os níveis. Não apenas os cientistas de dados, precisamos ter nos níveis inferiores pessoas cuidadosas até para cuidar de sensoriamento. Poderiam dizer se as empresas realmente estão com a visão de implementar este investimentos em pessoas na escala demandada?
Resposta de Ronaldo Neves Ribeiro: Hosani, a preparação do ser humano é fundamental para este processo, cada empresa deve identificar o seu grau de maturidade, em especial das pessoas, para definir o planejamento para os treinamentos. Você sabe o quanto eu mesmo estive na frente das pessoas para falar sobre o mundo moderno e as evoluções trazidas pela I4.0, tive a honra de tê-lo nas minhas palestras sobre o tema. Penso que o maior aprendizado é aquele em que as pessoas fazem parte do projeto de implantação das novas tecnologias, assim se sentirão donos e conhecedores da solução. Sobre ao ciência de dados entendo que as coisas devem andar de forma paralela, enquanto uns estão se engajando nas tecnologias mais básicas outros já estão em patamares superiores, então temos que proporcionar momentos diferentes para pessoas diferentes, entenda que a gestão deve ter entendimento sobre a importância das tecnologias para este processo como um todo.
Resposta de Luis Gustavo Mamede: Olá Hosani, adicionalmente à mudanças de Cultura e mentalidade, participação e envolvimentos efetivos no levantamento de oportunidades, desenvolvimento e aplicação de soluções de 4.0 em seus ambientes (que comentei na resposta anterior), a capacitação formal e efetiva de pessoas é um “catalizador” importantíssimo para as mudanças. Além da promoção constante de Workshops sobre temas de transformação digital, promoção e disponibilização de treinamentos online, participação de grupos de discussão (Ideação, etc.) e levantamento de iniciativas, temos também investido em formação interna de profissionais. Um outro exemplo recente, foi um treinamento de capacitação e certificação em Ciência de dados/Analytics realizado para mais de 25 profissionais de nossas plantas, onde os projetos desenvolvidos para formação no treinamento foram os levantados pelos próprios participantes, retirados de suas áreas de atuação nas áreas industriais.
Resposta de Claudio Garcia: A pergunta é muito boa, mas eu não saberia dizer se as empresas realmente estão com a visão de implementar este investimentos em pessoas na escala demandada. Como eu vivo no mundo acadêmico, eu não tenho ideia do esforço das empresas em investir em pessoas para capacitá-las a trabalhar na Indústria 4.0.
5) Pergunta de Glauco Andreoti: Como vai se dar convergência do IIoT substituindo DCSs, remotas. Como ficariam sistemas legados?
Resposta de Ronaldo Neves Ribeiro: Penso que este ainda é um caminho mais a longo prazo, não vejo que os DCS/CLPS sejam substituídos por computação de borda, tem uma longa jornada pela frente, entretanto, não é inteligente dizer que isto “nunca” acontecerá.
Resposta de Luis Gustavo Mamede: Olá Glauco, no meu ponto de vista, o IoT entra como algo adicional e complementar aos sistemas legados e PLCs, DCSs etc, ou mesmo de nivel 4 e 5 como MES e ERP. Estas tecnologias e mais ainda esta funcionalidade/“conectividade”, ainda no meu ponto de vista, é um facilitador e alavanca, que permite integrar e interconectar informações entre níveis não antes possíveis, e em todas as 5 camadas da pirâmide (bem na linha daquele vídeo da SwissMEM que compartilhei no evento).
Resposta de Claudio Garcia: Este assunto do IIoT e DCS ainda é algo bem recente. O texto que coloquei em minha apresentação, retirei do site https://en.wikipedia.org/wiki/Industrial_internet_of_things: “The IIoT is an evolution of a distributed control system (DCS) that allows for a higher degree of automation by using cloud computing to refine and optimize the process controls”. Outra discussão sobre esse assunto pode ser encontrada no seguinte endereço: https://www.linkedin.com/pulse/inustrial-iot-re-shaping-plant-information-dcs-peter-reynolds. Por se tratar de algo tão recente, ainda não há um conceito bem estabelecido entre IIoT e DCS.
Para acesso ao material compartilhado no evento clique aqui (apenas para membros da ISA e/ou participantes pagantes).
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Para mais informações entre em contato conosco pelo e-mail isasp@isasp.org.br.
Convidados
Claudio Garcia
Professor-Doutor no Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Escola Politécnica da USP. Engenheiro Elétrico formado pela Escola Politécnica da USP – EPUSP. Possui Mestrado e Doutorado na área de Engenharia Eletrônica também pela EPUSP. Tem experiência nas áreas de modelagem de processos, identificação de sistemas, controle de processos e compensação de atrito em válvulas de controle. Trabalhou em empresas como Foxboro, Taylor, Bristol Babcock, Digimat, Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo e desde o final de 1994 é professor em tempo integral na EPUSP. Tem livros e muitos artigos publicados em periódicos e congressos internacionais. Desde 2003 coordena o Laboratório de Controle de Processos Industriais – LCPI na EPUSP.
Luis Gustavo Mamede Carvalho
Gerente Global de Automação na Oxiteno. É formado em Engenharia Elétrica pela FEI – Faculdade de Engenharia Industrial e possui MBA em Gestão de Negócios pelo Centro Universitário Nove de Julho.
Ronaldo Neves Ribeiro
Gerente do Setor de Tecnologia da Informação e Telecomunicações na CENIBRA. É formado em Engenharia Elétrica, com Mestrado em Engenharia Industrial, com foco em Inteligência Artificial e MBA em Gestão Empresarial. É Especialista na gestão de projetos, atuando principalmente em Tecnologia da Informação e Automação. Tem experiência de mais de 18 anos como professor universitário de graduação e pós-graduação. É Representante da CENIBRA no Movimento Empresarial pelo Inovação (MEI) da CNI. E também Diretor Mundial da Divisão de Celulose e Papel da ISA.
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